Recentemente nomeada como Head of Legal da Helexia Portugal, Alice Khouri embarca numa nova fase profissional repleta de desafios. Com uma perspetiva que transcende o ambiente jurídico convencional, Alice olha para a transição climática como um desafio multidisciplinar e transversal.
O Dscarb falou com a nova Head of legal da Helexia, para perceber entender como Alice Khouri se prepara para liderar não só um departamento jurídico, mas todo um conjunto de ações, onde as políticas de ESG serão pontos chave na sua atuação futura.
Acabada de ser nomeada como Head of Legal da Helexia Portugal, que desafios vai enfrentar nesta nova fase da vida?
Após muitos anos à frente de uma equipa de advogados em escritório, e num habitat naturalmente 100% jurídico, penso que um grande desafio será trabalhar com profissionais de áreas tao distintas do background legal, nomeadamente a engenharia, e ter uma visão e linguagem que comunique com eles de forma fluida e eficiente. Contudo, esse é precisamente o desafio que procurava nesta fase da minha maturidade profissional, pois acredito que cada vez mais o Direito faz parte de um desafio maior e multidisciplinar, além de transversal: que é a sustentabilidade e a estratégia necessária para que as empresas façam a transição climática da melhor forma possível e no timing que se impõe.
Adicionalmente, é grande – e muito animador – o desafio de criar e consolidar uma área jurídica na empresa, à altura de uma liderança visionária da Helexia. Um departamento que já nasce com grandes expectativas, para estar à altura das áreas técnicas que estão a fazer um excelente trabalho e ser facilitador dos projectos, mitigando riscos e otimizando oportunidades na jornada pela descarbonização da economia.
Criar um jurídico que seja um grande aliado das áreas técnicas e propulsor de uma estratégia de sustentabilidade transversal, dando suporte para a Helexia perseguir todos os seus objetivos de performance e ser uma empresa que é responsável em dimensões ambientais, sociais e económicas.
Trazer exemplos práticos de boas práticas que outros já partilharam comigo, por exemplo, também é uma forma eficiente. A melhor forma de impulsionar estes temas dentro das empresas é convidar todos à reflexão e repensarem as suas funções à luz de fatores como: eficiência, impacto no meio ambiente e nas pessoas, durabilidade, vida útil dos processos e materiais que usamos e, assim, estimular raciocínios que transcendem o curto prazo, que vão além do que é considerado somente a atividade fim da empresa.
Alice Khouri, Head of Legal na Helexia Portugal
Porquê esta mudança agora?
Posso dizer que, após 6 anos em solo português (que corresponde a metade da minha experiência de gestão jurídica), finalmente sinto-me apta a encarar um desafio deste porte. Hoje sinto que já conheço os meandros da legislação e regulação europeias, visão que a minha vida académica e de investigação científica em Portugal me deu, e sinto-me mais confiante depois de ter assessorado tantas empresas nesta jornada da transição energética. Estou num ponto da minha carreira em que quero fazer parte do pensar e consolidar a estratégia jurídica “Taylor made” para um projecto de transição energética, para conseguir criar impacto justamente com o meu background jurídico aplicado aos mercados regulados de energia e alterações climáticas.
Que mais-valias acha que pode trazer à Helexia?
Além do bom humor brasileiro e uma pitada de bossa nova, brincadeiras à parte, acho que uma mais valia pode ser a vivência de um Direito dedicado à Energia desde sempre, pois é uma visão da área jurídica (e todas suas implicações contratuais, societárias, regulatórias) já adaptada ao sector energético. Talvez outra mais valia seja a inquietude e vontade de criar impacto, que me atrai a projectos nos quais possa dedicar-me, com criatividade e esforço técnico, para a construção de algo do zero, como é este departamento de Legal na Helexia Portugal e outros desafios por vir na empresa.
Com um track record na área da sustentabilidade e muito ligada ao tema das políticas ESG, como se pode estimular as empresas a mudar a postura, nestes temas?
A melhor forma de inspirar mudanças é sermos exemplo do que gostaríamos de ver acontecer. Penso que ao praticar os valores da igualdade de género, por exemplo, e a preocupação constante com a sustentabilidade transversal e multidimensional, posso inspirar as demais pessoas a também trabalharem neste sentido.
Trazer exemplos práticos de boas práticas que outros já partilharam comigo, por exemplo, também é uma forma eficiente. A melhor forma de impulsionar estes temas dentro das empresas é convidar todos à reflexão e repensarem as suas funções à luz de fatores como: eficiência, impacto no meio ambiente e nas pessoas, durabilidade, vida útil dos processos e materiais que usamos e, assim, estimular raciocínios que transcendem o curto prazo, que vão além do que é considerado somente a atividade fim da empresa.