DescarbonizaçãoBoas Ideias

Publicado a:
11/06/2024

Escrita:
Vanessa Trindade

Agricultura oceânica regenerativa: um caminho para a sustentabilidade

Nos últimos 50 anos, a população mundial dobrou e a economia global quase quadruplicou. Este crescimento gerou um aumento na produção e consumo de alimentos, produção industrial e extração de recursos naturais, aumentando também a poluição e as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Este cenário resulta em mudanças climáticas severas, como aumento da temperatura global, eventos meteorológicos extremos, alteração do ciclo hidrológico e o aumento do nível do mar, afetando diretamente a biodiversidade e os ecossistemas.

A maricultura, ou agricultura oceânica regenerativa, especificamente o cultivo de algas e bivalves, tem um grande potencial económico e ambiental. Contribui para a regeneração dos oceanos, mas também impulsiona a economia das comunidades costeiras, criando resiliência local.

Com uma população global em rápido crescimento, proteger a saúde dos oceanos é, portanto, essencial para garantir a segurança alimentar, proteger a biodiversidade e promover o desenvolvimento sustentável.

Mas a Maricultura não se fica por aqui. Vemos hoje vários exemplos de recuperação de orlas costeiras tanto com o cultivos de algas e bivalves, como com mangais e outras árvores que toleram a água salgada.

Agricultura oceânica regenerativa: Quais os benefícios?

Os benefícios são vários e em boa verdade esta aplicação aborda 9 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Podemos dizer que é possível alimentar o mundo e curar o planeta.

Mitigação das mudanças climáticas: As algas retêm grandes quantidades de CO2 e podem substituir práticas agrícolas terrestres intensivas em emissões. Algumas espécies de algas, como a Macrocystis pyrifera, crescem rapidamente e fixam carbono em taxas superiores às florestas tropicais. O cultivo de algas marinhas contribui para a regeneração dos ecossistemas oceânicos, absorvendo CO2, libertando O2, protegendo as costas e prevenindo a erosão. Elas também realizam biorremediação, removendo excesso de nutrientes e melhorando a qualidade da água, promovendo a biodiversidade.

Proteção costeira: As algas e as raízes dos mangais podem reduzir a energia das ondas, protegendo as costas da erosão e das tempestades. Os recifes de ostras também atenuam a energia das ondas, reduzindo a erosão costeira em até 54%.

Melhoria da qualidade da água e biodiversidade: Os bivalves são poderosos filtros de água, com uma única ostra filtrando até 190 litros de água por dia, promovendo habitats que abrigam diversas espécies marinhas. As estruturas de cordas e cestos imitam recifes oceânicos, fornecendo diferentes habitats para uma grande variedade de espécies.

Absorção de nutrientes e prevenção de eutrofização: As algas e bivalves absorvem excesso de nutrientes, como nitrogénio e fósforo, provenientes do escoamento agrícola, mitigando a proliferação de algas nocivas e reduzindo a eutrofização e zonas mortas nos oceanos.

Impulso das economias locais: A maricultura regenerativa pode criar milhões de empregos diretos e indiretos, oferecendo oportunidades para pescadores diversificarem as suas fontes de rendimento face à diminuição da pesca de captura.

Agricultura oceânica regenerativa: Exemplos de sucesso

A Regenetitive Sources é uma empresa que se dedica a investir em agricultura oceânica regenerativa.

Os seus projectos actuais envolvem o cultivo de 100 milhões de mangais, a restauração de milhares de hectares de pradarias de ervas marinhas, cultivo de marisco e bivalves a a criação de milhares de empregos e desenvolvimento económico regenerativo.

 Atualmente, têm centros regionais na América Latina, na África Ocidental, na África do Sul e na Europa.

Iterações anteriores resultaram num aumento de 1000% na biodiversidade de plantas e aves, ao mesmo tempo que restauraram aquíferos superficiais, detiveram o carbono e arrefeceram as temperaturas locais.

Mais uma ideia para aplicar o mais rápido possível.

Gosta de ler o dscarb?

Se gosta de ler o dscarb e não quer perder as últimas notícias, subscreva o nosso canal no LinkedIn.

To top