mulheres no ruanda
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Publicado a:
06/11/2023

Escrita:
Sérgio Marçalo

Ruanda: um exemplo na igualdade de género

O Ruanda destaca-se globalmente pelo seu posicionamento na promoção da igualdade de género, na valorização e criação de poder por parte das suas mulheres

AS MULHERES DO RUANDA MOSTRARAM, PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA, O QUE PODE ACONTECER QUANDO AS MULHERES, E TODOS OS SEUS TALENTOS, SÃO DIRECIONADOS NA CONSTRUÇÃO DA PAZ (…)

Ambassador Swanee Hunt, Founder and Chair, Inclusive Security, and Eleanor Roosevelt Lecturer in Public Policy, Harvard Kennedy School

O Ruanda destaca-se globalmente pelo seu posicionamento na promoção da igualdade de género, na valorização e criação de poder por parte das suas mulheres (GEWE – Gender Equality and Women Empowerment), particularmente no campo da política. Quase dois terços dos seus lugares parlamentares e mais de 50 por cento dos cargos ministeriais, são ocupados por mulheres. O Ruanda foi classificado entre os 12 principais países em 2023 que reduziram a disparidade de género (Global Gender Gap Report 2023).

Estes resultados impressionantes devem-se ao forte compromisso político e à responsabilização a nível institucional pela geração de igualdade.

Atualmente, as mulheres ruandesas são líderes não só no governo, mas também nos negócios e em todos os setores da sociedade e da economia.

Mas nem sempre foi assim, durante a década de 1990, o Ruanda viveu uma longa guerra civil e o assassinato do seu presidente em 1994.

O que desencadeou 100 dias de genocídio contra aqueles que se opunham às forças rebeldes, e entre 800.000 e 1.000.000 de pessoas foram massacradas.

Quando os massacres acabaram, o país estava em ruínas. Centenas de milhares de corpos abandonados e empilhados bermas das estradas. Igrejas e escolas destruídas, empresas, negócios e escritórios roubados e saqueados.

A eletricidade era irregular, a água corrente inexistente e a governação mínima. Acima de tudo, a nação ficou traumatizada pelos crimes hediondos que dizimaram a população.

O PAPEL DAS MULHERES NO REERGUER DO RUANDA

Como a maioria dos mortos eram homens, e porque muitos criminosos do sexo masculino fugiram para países vizinhos, 70 por cento da população pós-genocídio era feminina.

Confrontadas com a necessidade de garantir a sua própria sobrevivência, bem como das suas famílias, as mulheres ruandesas mudaram o curso da história e assumiram o papel de protagonistas.

As mães acolheram crianças órfãs e organizaram grupos de apoio às viúvas. Passaram da limpeza de edifícios para a sua reconstrução. Foram para o campo e cultivaram, nas cidades geraram e iniciaram negócios. Em todo o país, criaram estabilidade após uma violência indescritível.

A maioria destas mulheres nunca tinha sido educada ou criada com as expectativas de uma carreira. No Ruanda pré-genocídio, as mulheres não tinham terras ou sequer trabalhavam fora de casa. O genocídio mudou tudo e abriu-lhes o mundo do trabalho, tal como a Segunda Guerra Mundial o abriu às mulheres americanas.

O APELO À IGUALDADE

O apelo à igualdade foi liderado não por milhares de mulheres, mas por um homem – o Presidente Paul Kagame, que liderou o país desde que o seu exército pôs fim ao genocídio. Kagame decidiu que o Ruanda estava tão destruído, que simplesmente não poderia ser reconstruído apenas com trabalho masculino.

Assim, a nova constituição do país, aprovada em 2003, decretou que 30 por cento dos lugares parlamentares fossem reservados às mulheres. O governo também prometeu que a educação das raparigas seria incentivada. Que as mulheres seriam nomeadas para cargos de liderança, como ministras do governo e chefes de polícia.

O país abraçou as políticas de Kagame e até ultrapassou o mínimo obrigatório. Nas eleições de 2003, 48 por cento dos assentos parlamentares foram ocupados por mulheres.

Nas eleições seguintes — 64 por cento. Hoje a política ruandesa é citada como um modelo de inclusão de género, onde as mulheres com melhor perfil, mais capacidade e experiência concorrem contra homens e vencem.

O RUANDA HOJE

O Ruanda é reconhecido por muitos – duas décadas após o genocídio – como uma das nações mais estáveis ​​de África, notavelmente livre de corrupção. Em apenas dez anos, a esperança de vida aumentou de 48 para 58 anos. Há um declínio considerável nas taxas de mortalidade materna resultante da melhoria ao acesso a cuidados de saúde de qualidade. As mortes de crianças menores de cinco anos foram reduzidas pela metade.

Um programa de ensino obrigatório colocou rapazes e raparigas nas escolas primárias e secundárias em números iguais. As mulheres podem agora possuir e herdar propriedades e são líderes ativas em todos os sectores da nação, incluindo os negócios. Os mandatos e programas nacionais estão a reduzir a violência, incluindo a violência contra as mulheres.

The women of Rwanda have shown, for the first time in history, what can happen when women, and the full measure of their talents, are included in peace building. Having spoken in-depth with them in frequent visits over a dozen years, I am persuaded that their story of inclusive security is one that can and must be replicated globally. Whether preventing conflict, stopping it, or—as in the case of Rwanda—recovering from it and preventing a recurrence, women can make literally all the difference in the world.

Ambassador Swanee Hunt, Founder and Chair, Inclusive Security, and Eleanor Roosevelt Lecturer in Public Policy, Harvard Kennedy School

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