No 8ª episódio do Descarbonízável, Carlos Macedo, administrador da Artesanalpesca esteve à conversa com João Guerra, diretor de marketing da Helexia. Falou-se de um projeto de autoconsumo solar que contribui para a competitividade desta cooperativa de pescadores e que já gerou poupanças de mais de 12000€ desde que foi ligado em junho.
Pode ouvir o podcast aqui:
A Artesanalpesca foi fundada em 1986 com o impulso da adesão à comunidade europeia. É uma organização de produtores que aglutina produtores do setor da pesca e está sediada em Sesimbra.
A primeira unidade de produção surge em 1995 e aí começou a realizar o seu objetivo de proteger os produtores e ajudá-los na valorização do seu produto.
Neste momento conta com 52 embarcações, um universo de cerca de 400 pescadores e mais de 10 mil toneladas de pescado por ano. São fornecedores da maioria das grandes superfícies e exportam mais de 40% da produção.
A comercialização do pescado nacional
É importante contextualizar que a pesca tem uma forma de comercialização em que a primeira venda de pescado tem de ser feita obrigatoriamente na lota e entregue à Docapesca. O preço é estabelecido em leilão.
Desta forma, o produtor quando captura muito peixe, o preço é baixo e quando captura pouco, o preço é alto, mas multiplicado por uma quantidade pequena acaba por dar um rendimento baixo.
O que a Artesanalpesca faz é defender um preço para que este não esteja tão dependente desta autoridade e garantir aos associados uma maior estabilidade, fixando preços mais justos ao longo do tempo.
O que a Artesanalpesca faz não passa só pela negociação do pescado fresco, mas também pelo armazenamento e escoamento do pescado noutros formatos: transformado, congelado, para exportação.
Infelizmente Portugal ainda importa muito peixe, com todo o custo energético que isso acarreta, e muitas vezes com condições organoléticas inferiores às nacionais.
A Artesanalpesca para além da exportação do pescado para consumo humano, e para a indústria conserveira também fornece para empresas de captura de atum. Ainda utiizam subprodutos para a captura de polvo e para a indústria das rações e farinhas de peixe.
“Precisamos de estruturas em terra para valorizar os produtos no mar”
Carlos Macedo, administrador Artesanalpesca
Artesanalpesca e Helexia
A Artesanalpesca é consumidor intensivo de energia, já que todo o ambiente tem a temperatura controlada. No caso do pescado fresco ele é mantido a zero graus e na congelação e ultracongelação a -25 graus. É aqui que está o grande consumo energético.
Em parceria com a Helexia, dotaram a unidade com a capacidade de produzir a sua própria energia para autoconsumo, mantendo este custo baixo e estável.
Este projeto responde a cerca de 25% das necessidades da cooperativa. Ligado em junho já produziu poupanças de 12000€.
Outro benefício deste projeto, porque para além de ter sido instalado na cobertura foi também instalado em carport, permite mais sombra e conforto aos colaboradores e visitantes da Artesanalpesca. Para além disto, esta instalação valoriza o ativo imobiliário.
O investimento da Helexia vai muito mais além do que é o investimento financeiro. A Helexia também contribuiu com o know-how técnico para a implementação e operação da central. Para a Helexia, o investimento nos projetos é uma forma de estar a bordo com os negócios dos clientes.
A comunicação do setor das pescas
Há um aspecto a ter em conta na sustentabilidade deste setor que é reduzir o consumo energético no transporte do pescado e passar a consumir localmente.
Se observarmos o que está a ser feito, por exemplo, na Noruega, vemos que existe um esforço de comunicação para o consumo do pescado norueguês, quer localmente quer no estrangeiro.
Portugal poderia agir de forma semelhante, promovendo e sensibilizando para o consumo local do pescado nacional.
Um setor com desafios próprios, mas que está a dar passos largos para se tornar sustentável.