Em entrevista ao Jornal Vida Económica Luís Pinho, Country Director da Helexia Portugal, falou do crescimento e da procura crescente de soluções energéticas limpas que ajudam as empresas por via da descarbonização a serem mais competitivas e sustentáveis.
Também esclareceu como a Helexia está a ajudar as empresas a enfrentar os preços de energia historicamente altos, quer relativamente ao fornecimento, através da produção própria, quer face à volatilidade do custo. Igualmente explicou o portfólio transversal da Helexia, a sua estratégia global e local, o trabalho desenvolvido com a Ewen.
Como opera a Helexia em Portugal?
A Helexia é uma empresa de serviços energéticos que opera de forma transversal, desde a análise e diagnóstico de consumos, até à produção de energia de fonte renovável e descentralizada, passando, e muito importante, pelo suporte e implementação de processos ou equipamentos para redução de consumos energéticos e ainda, também, pela mobilidade elétrica. Integramos todas as competências de análise, dimensionamento, engenharia, aprovisionamento e gestão de projeto e Higiene Saúde e Segurança, para além disso atuamos como investidores mas também em projetos chave na mão. Somos por isso um parceiro que está lado a lado, e acompanha cada cliente na sua trajetória de descarbonização, de forma flexível e dinâmica. Vemos a descarbonização como uma meta, que deve ser alcançada de forma planeada e estruturada, e, é esse o nosso compromisso com os nossos clientes e parceiros.
Quais os principais problemas com que se defrontam?
O setor da energia, e principalmente na área das renováveis e eficiência energética no sentido mais lato, tem apresentado crescimentos de 2 dígitos de forma consistente, e isso gera pressão sobre as equipas e até sobre as organizações, sentimos naturalmente as dores de crescimento. Temos apostado fortemente no reforço da nossa equipa, cada vez mais multidisciplinar e capaz de dar resposta às diversas solicitações, mas sentimos uma dificuldade crescente em encontrar no mercado recursos com conhecimento e experiência na nossa área de atividade, por isso é apenas natural que apostemos cada vez mais em formação interna. Já do ponto de vista externo, continuamos a sentir uma enorme pressão na cadeia logística/fornecimento de materiais e equipamentos, e paralelamente uma enorme pressão nos preços.
Quais os fatores que motivam um crescimento tão acentuado?
Primeiro temos uma estratégia global de crescimento muito forte, que temos vindo a implementar com sucesso quer em Portugal quer no nosso plano de expansão internacional. Mas o drive principal é a procura crescente por soluções energéticas integradas que ajudam as empresas por via da descarbonização e serem mais competitivas e sustentáveis. Os custos de energia historicamente altos que se atingiram recentemente, elevaram a preocupação dos gestores para o tema energia, e para a forma como podem controlar mais efetivamente quer o fornecimento (produção própria), quer o impacto da volatilidade do custo. Termos a vontade, a confiança, e capacidade para investir nos projetos que desenvolvemos é seguramente um fator diferenciador.
Quais os desafios que a organização teve de superar para dar resposta ao crescimento?
Apesar de nos vermos ainda como uma start-up, a verdade é que o nosso crescimento nos tem colocado desafios de organização, de desenho e implementação de processos que garantam a qualidade dos nossos projetos e serviços, e fazer tudo isso enquanto se cresce, é efetivamente desafiador. Temos evoluído a estrutura da organização, reforçado equipas e departamentos para que sejam mais autónomos assegurando sempre uma boa ligação entre equipas e acima de tudo que a nossa resposta aos clientes é consolidada e robusta.
Adaptação de modelos de negócio para acoplar as mudanças no mercado, exemplo PRR.
Sendo nós inerentemente um investidor em projetos de produção de energia e de performance energética, o acesso que as empresas podem ter a fundos como o PRR, impacta o nosso modelo de negócio core, por isso, evoluímos na capacidade de usar o nosso conhecimento e experiência para projetos chave na mão, e promovendo ainda serviços de acompanhamento, de operação e manutenção, de apoio a gestão de ativos. Nada disto é novo para nós, é algo que fazemos internamente para os nossos projetos e investimentos, por isso, transformar isso em serviços de valor acrescentado para clientes que optam pelo investimento próprio foi apenas um passo natural e óbvio.
Crescimentos que estão a ser obtidas com a aquisição da Ewen;
Tem pouco mais de 1 ano a aquisição da Ewen, foi uma excelente aposta mutua, pelo conhecimento que juntos conseguimos consolidar, assegurando assim uma maior robustez na capacidade de oferecer soluções e serviços de qualidade e profissionalismo indisputável.
O impacto do volume de negócios na Ewen na Helexia, já ultrapassa os 10%, e estimamos que este contributo cresça de forma muito rápida, assente na nossa capacidade, juntos, em responder ás solicitações do mercado e das empresas. A EWEN e a sua equipa tiveram um ano de uma performance extraordinária, e em apenas 1 ano quase duplicaram o volume de negócios. E, estou seguro, o crescimento vai continuar e na forma de múltiplos.
Portugal como centro de competências de engenharia para os restantes países onde a Helexia está presente;
É apenas natural, apesar de sentirmos dificuldade nos processo de recrutamento, o que é absolutamente claro é a nossa capacidade enquanto país de gerar conhecimento e experiência que disputa com qualquer outro país, diria até que bastante melhor em muitos casos, talvez por ter uma abordagem mais pragmática e hands on. Por isso constituir equipas em Portugal que possam suportar o nosso crescimento internacional e as nossas equipas espalhadas por mais de 8 países, é a confirmação do bom trabalho que temos feito, da capacidade que nos reconhecem e acima de tudo na nossa capacidade para escalar e fazer mais, fazer melhor, de forma eficaz e eficiente.
Posicionamento para 2023 no mercado português?
Depois de um ano de integração após a entrada no capital da Ewen, e do crescimento da nossa equipa, temos essencialmente 5 desafios:
- Estar à altura das expectativas dos clientes que confiaram em nós. Temos uma grande carteira de projetos, por isso entregar é o desafio!
- Consolidar a nossa posição como player de referência no setor do fotovoltaico descentralizado, nas unidades de autoconsumo (individual e coletivo), e projetos de eficiência energética através de contratos de performance energética;
- Reforçar a nossa presença enquanto prestador de serviços de energia, seja i) gestão de energia, ii) auditorias, iii) certificações, iv) planos de racionalização energética;
- Reforçar a nossa posição com operador na mobilidade elétrica. Entramos neste setor muito recentemente, acreditamos e estamos convictos que é parte fundamental para uma transformação saudável e sustentável da mobilidade e por isso, vamos estar mais e mais focados em fazer da mobilidade elétrica verdadeiramente sustentável.
- Apostar nas nossas pessoas, na sua formação, no seu crescimento profissional e no seu bem-estar. Esta será sempre e sem dúvida a chave para o nosso sucesso enquanto organização.