No passado dia 6 de junho estivemos presentes numa mesa redonda no evento INsustentável.
“Transição energética: Uma oportunidade para acelerar” foi o tema debatido entre Pedro Antão Alves, Diretor Comercial da Helexia Portugal, Paulo Almeida, Assessor Conselho de Administração da Primus Vitoria e, Frederico Figueira de Chaves, CFO da Fusion Fuel. Isabel Martins, Diretora Coordenadora de Publicações da Revista Sustentável, moderou esta conversa. E aqui ficam as principais conclusões:
O hidrogénio verde como fonte de energia
Tem vindo a ser apontado como uma das fontes de energia do futuro. A grande oportunidade do hidrogénio verde é substituir o hidrogénio castanho (produzido com combustíveis fósseis) nas suas aplicações atuais. Este é um dos objetivos da Fusion Fuel: o hidrogénio já alimenta várias indústrias e a introdução do hidrogénio verde deverá começar por dar solução às atividades produtivas que já o usam.
No entanto, a sua aplicação em novos setores ainda está numa fase muito inicial. É aqui que a tecnologia da Fusion Fuel vai permitir que as empresas que usam outras fontes de energia iniciem esse processo gradualmente, de forma modelar, acompanhando a transição progressiva para o hidrogénio.
A Fusion Fuel sabe que há setores onde a aplicabilidade do hidrogénio verde será bastante simples de executar e outros setores onde a sua aplicabilidade não é tão obvia. Nestes casos poderá ser usado como energia complementar.
A produção do hidrogénio verde é uma inevitabilidade e só os projetos previstos para a zona de Sines vão precisar de cerca de 10 GWp de energia limpa.
O hidrogénio verde também pode servir como alternativa às baterias, especialmente para locais onde o acesso a rede energética não é tão eficiente (países africanos).
“A grande oportunidade do hidrogénio verde é substituir o hidrogénio castanho nas suas aplicações atuais.”
Frederico Figueira de Chaves, Fusion Fuel
Desafios da indústria da cerâmica
A indústria da cerâmica, pelas suas necessidades de cozimento a altas temperaturas por períodos longos encontra na transição energética um grande desafio.
Neste setor ainda muito dependente do gás, a transição energética tem sido feita sobretudo através da produção de energia fotovoltaica para autoconsumo e através da eficiência energética, como explicou Paulo Almeida da administração da Primus Vitória.
Este setor também tem apostado em parcerias I&D para a criação e adaptação de equipamentos produtivos mais eficientes energéticamente. Exemplos disto são secadores híbridos (gás e elétrico) e linhas de produção mais rápidas em períodos solares, para aproveitar em pleno a energia produzida pelas centrais fotovoltaicas.
A maioria das empresas neste setor que já implementaram centrais solares, aguardam os avanços tecnológicos relativos ao armazenamento de energia, para que a produção em período solar possa ser guardada e usada posteriormente. Isto optimizaria a utilização de energia nos processos produtivos e permitiria turnos continuos usando a energia limpa.
Neste setor ainda muito dependente do gás, a transição energética tem sido feita sobretudo através da produção de energia fotovoltaica para autoconsumo e através da eficiência energética.
Paulo Almeida, Primus Vitória.
Utilização da energia no futuro: que fontes?
É generalizada a certeza de que a utilização de energia no futuro passará por um mix de fontes de produção. A energia fotovoltaica é a que atualmente se apresenta mais fácil de implementar.
Estima-se que em 2 ou 3 anos as soluções de armazenamento tenham os desenvolvimentos necessários para que se apresentem ao mercado a um décimo do valor atual.
Para o calor industrial, as soluções passarão pela aplicação da eletricidade com caldeiras, bombas de calor de alta performance ou através da biomassa.
A eficiência energética também assumirá um papel importante neste quadro futuro, bem como o aparecimento de uma nova função nas empresas – o gestor de energia – que será apoiado por sistemas de gestão de energia, que permitem analisar, acompanhar e otimizar todos o processos e os recursos utilizados.
É generalizada a certeza de que a utilização de energia no futuro passará por um mix de fontes de produção e pela democratização das soluções de armazenamento.
Pedro Antão Alves