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Publicado a:
17/05/2021

Escrita:
Ricardo Atayde

Manuel Casquiço da ADENE é convidado da Helexia para o evento online do Dia Mundial da Energia

A Helexia organiza no dia 26 de maio às 11hDia Mundial da Energia, o evento online “Energia como fator de competitividade para a exportação”. O evento terá transmissão Live nas plataformas Linkedin YoutubeManuel Casquiço da ADENE é nosso convidado, a quem colocámos algumas questões sobre o tema.

 

1. Enquadramento do seu papel na ADENE, quais são os desafios da sua área dentro da ADENE?

Atualmente dirijo a Direção de Programas e Iniciativas (DPI) que tem como objetivo, a operacionalização da promoção da eficiência de recursos e a viabilização do acesso a energia a baixo custo a todos os consumidores, e de forma sustentável.

Neste contexto, a DPI tem um papel fundamental em áreas de atuação que contribuem para a execução de política pública: no apoio às entidades da Administração Pública (AP), na prossecução de uma maior eficiência de recursos ao abrigo do Programa ECO.AP, no reforço do papel dos consumidores na transição energética e na escolha mais informada para a mudança de comercializador de energia, e no apoio à  dinamização de comunidades de energia e à promoção do uso de fontes de energia renovável, não esquecendo a aplicação de uma transição justa, através do combate à pobreza energética.

A DPI atuará ainda na operacionalização de programas no domínio da mobilidade sustentável que terão como objetivo, dinamizar a transição de combustíveis fosseis para fonte de energia mais limpas, e na promoção de ações de sensibilização para uma condução mais eficiente, reduzindo deste modo a pegada de carbono dentro das instituições.

 

2. Como tornar a eficiência energética (EE) mais atrativa para as empresas? Ou seja, como comunicar os benefícios da EE para haver mais interesse e adesão por parte dos industriais?

As empresas já estão sensibilizadas para os benefícios da Eficiência Energética, e sabem que a ADENE é um aliado neste trabalho continuo. Como exemplo temos os “Planos de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC)” promovidos pela ERSE bem como outros incentivos, cujo objetivo é aumentar a competitividade das empresas.

No entanto, há ainda um caminho a percorrer, já que existe um vasto número de empresas que considera estes investimentos como um custo e não como um benefício.

É de salientar que as medidas implementadas neste sector devem ser diferenciadas, em medidas com baixo custo de implementação que trazem benefícios imediatos, como é o caso das baterias de condensadores para mitigar a energia reativa, medidas relacionadas com a descentralização de energia através de produção própria com períodos de retorno atrativos (entre 6 e 8 anos dependendo do projeto) que para além dos benefícios de redução da fatura de energia podem trazer benefícios sociais, bem como, medidas para alteração de equipamentos e envolvente que necessitam de um investimento avultado em que os benefícios financeiros só serão sentidos a médio e a longo prazo.

Para mitigar este tema, bem como para a promoção das atuais e novas tecnologias que surgem no mercado, o “Plano Nacional Energia e Clima 2030”, refere o setor industrial como de extrema importância, com a necessidade de inovação e criação de novos modelos de negócio, com a introdução da “Indústria 4.0” da linha de atuação n.º 7 que contribui para “Promover a Descarbonização da Indústria”, não esquecendo a economia circular e o reaproveitamento de recursos.

Para a sua implementação, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) contempla 930 milhões de euros para agendas mobilizadoras de reindustrialização para a criação de toda uma nova fileira industrial e empresarial geradora de emprego, promotora do desenvolvimento regional, dinamizadora das exportações de bens e serviços, impulsionadora de inovação e investigação científica, capaz de captar investimento internacional e de estimular a internacionalização das empresas nacionais.

Do lado da ADENE estamos a desenvolver esforços para promover a literacia energética a todos os níveis da sociedade, incluindo na indústria. A título de exemplo apresentamos os cadernos subsetoriais desenvolvidos pela ADENE que contemplam mais de 20 tipos de setores da indústria com indicadores de eficiência energética e medidas de economia de energia mais frequentes e com maior impacto.

São este tipo de iniciativas, que juntamente com a capacitação e formação que entendemos podem ser importantes para motivar os agentes do setor.

 

3. Como a ADENE vê as tendências de mix energético descentralizado? Qual o papel de tecnologias emergentes como storage (baterias ou hidrogénio), aquecimento por hidrogénio, massificação da biomassa, entre outras…

No seguimento da questão anterior onde já referimos a descentralização, consideramos que esta é uma inevitabilidade a par do crescimento das soluções de mix energético, até porque muitas empresas já verificaram que podem aproveitar os subprodutos resultantes da produção e criar desta forma um aproveitamento energético e económico, como por exemplo, o aproveitamento do hidrogénio para alimentação dos veículos de mercadorias e transportes, ou a utilização da biomassa em sistemas internos de aquecimento, onde é mais eficiente, por exemplo. É nosso entendimento que a economia circular tem aqui um papel importante.

Foi promovido recentemente pela ADENE, um estudo sobre o armazenamento de energia em Portugal, desenvolvido pela Universidade de Lisboa, que faz uma análise ao setor da energia elétrica e às necessidades de armazenamento, e onde é referido que “a indústria terá um papel crucial para a descarbonização de todo o sistema energético, contribuindo para a produção de gases renováveis para a injeção na rede de gás”. É referido também que “é necessário um redesenho dos mercados de energia que possibilite uma maior utilização de mecanismos de armazenamento já existentes e que agilize a introdução de novos agentes nos mercados de serviços de sistema (e.g. produtores-consumidores ou agregadores)”.

Não esquecendo o que refere o Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050, é importante apoiar a criação e desenvolvimento de clusters industriais e de serviços e geração de novas oportunidades empresariais. A descentralização constitui, assim, uma excelente oportunidade para que as empresas possam aproveitar este novo paradigma e criar assim a sua própria energia, bem como criar sinergias com outras empresas no âmbito da circularidade.

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