Boas IdeiasDescarbonizável

Publicado a:
28/11/2024

Escrita:
João Guerra

Deep Rising: Quem quer ser “dono” de um bocado do oceano?

O objetivo é mobilizar a opinião pública contra a mineração em águas profundas, destacando a importância da CCZ como um sumidouro de carbono e habitat para milhares de espécies desconhecidas.

Uma campanha da Deep Rising convida cidadãos de todo o mundo a reivindicar uma parte do leito marinho da zona Clarion-Clipperton (CCZ), no Oceano Pacífico, dividindo-a em 8,17 mil milhões de coordenadas GPS, uma para cada pessoa no planeta. Cada participante recebe um NFT exclusivo, representando a coordenada que reivindicou.

Estes NFTs são gratuitos e não podem ser transferidos ou vendidos, funcionando como um “certificado de nascimento” digital para a área protegida.

Deep Rising é uma campanha inovadora que alerta para os perigos da mineração em águas profundas

O objetivo é mobilizar a opinião pública contra a mineração em águas profundas, destacando a importância da CCZ como um sumidouro de carbono e habitat para milhares de espécies desconhecidas.

A campanha é uma colaboração entre a agência criativa australiana Emotive e os criadores do documentário Deep Rising, realizado por Matthieu Rytz e narrado por Jason Momoa.

Jason Momoa, ator e ativista, chamou a atenção para os perigos da mineração no leito oceânico, que ameaça ecossistemas frágeis e pouco explorados. Os sedimentos levantados durante a extração podem afetar espécies marinhas e ecossistemas ao longo de milhares de quilómetros, com impactos potencialmente irreversíveis.

Os oceanos, que cobrem 70% do planeta, são cruciais para a biodiversidade e o equilíbrio climático. Contudo, a crescente procura por minerais raros, como níquel e cobalto — essenciais para baterias e para a transição energética — está a impulsionar a mineração no leito oceânico, gerando preocupação a nível global.

Empresas como a Deep Rising defendem abordagens que conciliem extração responsável e respeito pelo meio ambiente. No entanto, muitos cientistas e organizações alertam para os riscos e sugerem alternativas, como a reciclagem de materiais, a redução do consumo e a inovação em soluções tecnológicas menos invasivas. A ideia de “mineração sustentável” nos oceanos continua a ser debatida, questionando-se se é realmente viável proteger ecossistemas tão sensíveis.

A transição energética, embora necessária, exerce pressão económica sobre a exploração de recursos. Veículos elétricos, armazenamento de energia e eletrificação em massa exigem minerais que, hoje, parecem escassos em terra. No entanto, sacrificar os oceanos para atender a estas exigências pode comprometer funções ecológicas críticas, como a absorção de carbono e a manutenção da biodiversidade.

A solução requer uma regulação internacional forte e inovação orientada para uma economia circular, onde a reutilização de recursos substitua a extração descontrolada. Proteger os oceanos deve ser uma prioridade, não apenas como uma questão ambiental, mas como uma estratégia essencial para garantir o equilíbrio climático e o futuro das próximas gerações.

Este debate é mais do que técnico: é um apelo a redefinir o que consideramos progresso sustentável. Salvar os oceanos é salvar o planeta.

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