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Publicado a:
09/11/2021

Escrita:
Ricardo Atayde

Artigo com Luis Pinho na Visão Verde


Notícia original publicada na revista Visão Verde

 

Os altos preços da eletricidade no mercado grossista, e a perspectiva de esses preços virem a ser refletidos a médio prazo na fatura, estão a levar cada vez mais empresas a olharem para o autoconsumo como uma opção para reduzir os seus custos com a energia. A evolução dos sistemas fotovoltaicos, que têm baixado de preço ao mesmo tempo que se tornam mais eficientes e produtivos, é outro motor que ajuda a acelerar esta tendência.

Mas as entidades públicas responsáveis pelos licenciamentos não conseguem acompanhar este aumento de interesse, diz à VISÃO Luís Pinho, diretor para Portugal da Helexia, uma das grandes empresas europeias especializadas em autoconsumo. “A maior parte dos entraves tem que ver com a resposta das entidades administrativas, como a Direção-Geral da Energia. Os processos são muito lentos. Não têm recursos para atender a tantos pedidos e, por causa disso, licenciamentos que deviam ser dados num mês chegam a demorar um ano.”

Estas falhas são um dos motivos pelos quais a necessária transição energética não está a ser mais rápida – do ponto de vista tecnológico e económico, os equipamentos de autoconsumo estão no seu píncaro. “Quanto mais energia for consumida, mais rapidamente se atinge o breakeven, o que num projeto standard acontece ao fim de cinco a oito anos.” Por exemplo, uma fábrica que cesse a produção ao fim de semana acabará por injetar (vender) à rede 30% da eletricidade, a preços muito mais baixos do que aqueles a que compra.

Por outro lado, no setor agroalimentar (que tem uma necessidade constante de energia para os equipamentos de refrigeração) ou do retalho, o investimento compensa mais depressa. “Um sistema fotovoltaico num supermercado pode dar resposta a 40% ou mesmo 50% das suas necessidades energéticas. As unidades industriais de cerâmica e vidro também consomem muita energia, pelo que o breakeven é atingido mais cedo.” A partir do momento em que o investimento está pago, a energia é literalmente gratuita.

Vantagem competitiva

A energia fotovoltaica é um importante fator de competividade, e que pode mesmo atrair empresas estrangeiras para o nosso país. “Qualquer poupança na energia é importante”, sublinha Luís Pinho. “Em Portugal, temos muitos mais dias de sol do que uma França ou uma Alemanha. O investimento tem maior eficiência, além do menor custo de mão-de-obra. Um projeto de autoconsumo que produza 10% a 20% da eletricidade necessária pode ter um impacto de 2% no produto final, o que é uma enorme vantagem num mercado tão competitivo. Além disso, em igualdade de circunstâncias, uma empresa que recorre a renováveis tem melhor imagem no mercado, para os consumidores.”

O Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (o plano de Portugal para a descarbonização durante as próximas três décadas) prevê um grande aumento da produção de energia a partir do sol. Até 2030, o documento aponta para uma capacidade instalada total de 9 GW: 7 GW centralizada (grandes parques fotovoltaicos) e 2 GW descentralizada (autoconsumo em empresas e edifícios de habitação). O diretor da Helexia Portugal considera, no entanto, que “talvez a proporção devesse ser ao contrário”. “É mais importante o descentralizado. Não há perdas no transporte. Claro que precisamos sempre do centralizado, porque temos de ter back up, mas o descentralizado dá uma resposta mais eficaz. Temos uma imensa área de cobertura que pode ser utilizada. No centralizado, há o problema do terreno, que sempre tem outro tipo de utilização.”

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