Num mundo marcado por incertezas económicas, crises climáticas e tensões geopolíticas, a sustentabilidade emergiu como um fator essencial para a resiliência empresarial. O 12º estudo conjunto da ONU Global Compact e da Accenture, baseado em insights de mais de 2.600 CEOs, reforça a ideia de que a sustentabilidade não é apenas uma obrigação ambiental ou social, mas um diferencial competitivo.
O estudo pode ser consultado, aqui: https://unglobalcompact.org/library/6103
O progresso rumo aos ODS ainda está atrasado
A maioria dos CEOs reconhece que está aquém do esperado na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A instabilidade global tem dificultado avanços significativos, tornando essencial uma abordagem mais concreta e coordenada. Para recuperar este atraso, os líderes empresariais estão a repensar os seus investimentos e modelos de negócio, buscando soluções inovadoras e sustentáveis.
Tecnologia e dados como motores de sustentabilidade
A digitalização desempenha um papel cada vez mais central na estratégia empresarial. Segundo o estudo, 72% dos CEOs consideram a tecnologia essencial para impulsionar a sustentabilidade, com 55% a investir na recolha de dados sobre impacto ambiental e social. A transparência e a padronização destes dados permitem não apenas melhores decisões, mas também um compromisso mais claro com a sustentabilidade junto de stakeholders.
Cadeias de valor e a necessidade de uma transição justa
Outro ponto-chave identificado no estudo é a importância de tornar as cadeias de abastecimento mais sustentáveis e resilientes. CEOs estão cada vez mais focados na visibilidade e rastreabilidade das suas cadeias de valor, assegurando que fornecedores também aderem a boas práticas ambientais e sociais. A diversificação e a criação de redundâncias nos fornecedores são estratégias que ajudam a mitigar riscos associados a eventos climáticos extremos ou crises geopolíticas.
O papel da liderança e da cultura organizacional
A escassez de talentos é um dos desafios globais mais significativos, citado por 96% dos CEOs. Manter e atrair talento tornou-se uma prioridade, e muitas empresas estão a apostar na construção de uma cultura organizacional baseada em propósitos e valores sólidos. Líderes empresariais que incorporam sustentabilidade na sua estratégia não só reforçam a sua reputação, mas também tornam as suas empresas mais atraentes para profissionais qualificados.
Apelo à ação: O que esperam os CEOs dos governos?
Apesar dos esforços das empresas, os CEOs acreditam que é necessário um maior compromisso dos governos para acelerar a transição sustentável. Medidas como a definição de um preço global para o carbono, regulações mais claras e incentivos financeiros são vistas como cruciais para permitir que as empresas avancem. Pequenas e médias empresas (PME), em particular, precisam de maior apoio para implementar soluções sustentáveis sem comprometer a sua viabilidade económica.
Conclusão
O estudo reforça que os CEOs estão cada vez mais conscientes da necessidade de integrarem sustentabilidade nas suas estratégias. No entanto, desafios globais, falta de regulamentação clara e dificuldades de financiamento ainda são entraves. Para acelerar esta transição, será fundamental uma colaboração estreita entre empresas, governos e sociedade civil, garantindo que a sustentabilidade se torne, de facto, o pilar central da resiliência empresarial.
