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DescarbonizaçãoBoas Ideias

Publicado a:
07/04/2025

Escrita:
João Guerra

O que revelam os primeiros 100 relatórios de sustentabilidade corporativa (CSRD)?

A transição para um relatório de sustentabilidade mais estruturado e transparente na União Europeia está em andamento, mas ainda no início. A primeira onda de relatórios publicados segundo a Diretiva de Relatório de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) já oferece insights valiosos sobre os desafios e tendências desta nova era da transparência empresarial.

Desde o início do ano, mais de 250 empresas decidiram voluntariamente adotar as exigências da CSRD, mesmo antes da sua transposição para a legislação nacional em vários países, como Alemanha, Espanha e Países Baixos. Este movimento demonstra um compromisso crescente com a sustentabilidade e a prestação de contas, mas também expõe as dificuldades inerentes à adaptação a um quadro normativo ainda em consolidação.

Variedade e desafios na comparabilidade

A análise dos primeiros 100 relatórios evidencia uma grande disparidade na forma como as empresas estão a relatar a sua informação. Enquanto alguns documentos são concisos, com cerca de 30 páginas, outros ultrapassam as 300. Além disso, o número de impactos, riscos e oportunidades reportados varia drasticamente – de menos de 15 para mais de 80. Esta diversidade reflete não só a complexidade dos diferentes setores e modelos de negócio, mas também a ausência, para já, de um padrão consolidado de melhores práticas.

Esta falta de uniformidade pode dificultar a comparação entre empresas, tornando desafiador para investidores e outras partes interessadas avaliarem e compararem as estratégias e desempenho de sustentabilidade das organizações.

A Evolução das normas: um processo contínuo

O enquadramento regulamentar da CSRD está longe de estar fechado. Em fevereiro, a Comissão Europeia propôs ajustes significativos como parte de um esforço para simplificar as exigências e reforçar a competitividade das empresas da UE. Isto significa que as organizações terão de se manter ágeis e preparadas para adaptar os seus processos e metodologias à medida que a regulamentação evolui.

Um caminho sem retorno

Apesar dos desafios, é inegável que o percurso rumo a uma maior transparência e responsabilidade em sustentabilidade já começou – e não há volta atrás. Empresas que conseguirem estruturar os seus relatórios com rigor e coerência terão uma vantagem competitiva, não só no cumprimento das obrigações regulatórias, mas também na construção de confiança junto de investidores, clientes e demais stakeholders.

Nos próximos anos, espera-se que as melhores práticas se consolidem, tornando o relatório de sustentabilidade um pilar tão essencial para as empresas como os relatórios financeiros. Para já, os primeiros 100 relatórios CSRD mostram que há ainda um longo caminho a percorrer – mas a jornada já começou.

Fonte: Insights from the first 100 CSRD reports | PwC Global

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