A transição para um relatório de sustentabilidade mais estruturado e transparente na União Europeia está em andamento, mas ainda no início. A primeira onda de relatórios publicados segundo a Diretiva de Relatório de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) já oferece insights valiosos sobre os desafios e tendências desta nova era da transparência empresarial.
Desde o início do ano, mais de 250 empresas decidiram voluntariamente adotar as exigências da CSRD, mesmo antes da sua transposição para a legislação nacional em vários países, como Alemanha, Espanha e Países Baixos. Este movimento demonstra um compromisso crescente com a sustentabilidade e a prestação de contas, mas também expõe as dificuldades inerentes à adaptação a um quadro normativo ainda em consolidação.
Variedade e desafios na comparabilidade
A análise dos primeiros 100 relatórios evidencia uma grande disparidade na forma como as empresas estão a relatar a sua informação. Enquanto alguns documentos são concisos, com cerca de 30 páginas, outros ultrapassam as 300. Além disso, o número de impactos, riscos e oportunidades reportados varia drasticamente – de menos de 15 para mais de 80. Esta diversidade reflete não só a complexidade dos diferentes setores e modelos de negócio, mas também a ausência, para já, de um padrão consolidado de melhores práticas.
Esta falta de uniformidade pode dificultar a comparação entre empresas, tornando desafiador para investidores e outras partes interessadas avaliarem e compararem as estratégias e desempenho de sustentabilidade das organizações.
A Evolução das normas: um processo contínuo
O enquadramento regulamentar da CSRD está longe de estar fechado. Em fevereiro, a Comissão Europeia propôs ajustes significativos como parte de um esforço para simplificar as exigências e reforçar a competitividade das empresas da UE. Isto significa que as organizações terão de se manter ágeis e preparadas para adaptar os seus processos e metodologias à medida que a regulamentação evolui.
Um caminho sem retorno
Apesar dos desafios, é inegável que o percurso rumo a uma maior transparência e responsabilidade em sustentabilidade já começou – e não há volta atrás. Empresas que conseguirem estruturar os seus relatórios com rigor e coerência terão uma vantagem competitiva, não só no cumprimento das obrigações regulatórias, mas também na construção de confiança junto de investidores, clientes e demais stakeholders.
Nos próximos anos, espera-se que as melhores práticas se consolidem, tornando o relatório de sustentabilidade um pilar tão essencial para as empresas como os relatórios financeiros. Para já, os primeiros 100 relatórios CSRD mostram que há ainda um longo caminho a percorrer – mas a jornada já começou.
Fonte: Insights from the first 100 CSRD reports | PwC Global