turismo crescimento
Opinião

Publicado a:
15/07/2024

Escrita:
Catarina Padrão

Turismo: quais as oportunidades de crescimento?

O Turismo em Portugal teve em 2023 o seu melhor ano de sempre, não apenas na dimensão da sua contribuição para as exportações de serviços e consequente impacto no excedente record da Balança de Bens e Serviços, mas também na criação de emprego e na melhoria dos salários.

Esta contribuição foi igualmente decisiva para o excedente das contas da Segurança Social e para o crescimento dos impostos pagos pelos turistas nas suas estadias em Portugal, bem como pelos impostos sobre o rendimento pagos pelos trabalhadores e empresas.

Todos os segmentos de atividade que integram o Ecossistema do Turismo registaram desempenhos positivos não só em volume, mas em valor, salvo algumas exceções que ainda registam números inferiores aos registados no período pré pandemia.

Para estes resultados, contribuiu a resiliência global da procura de viagens e turismo num contexto económico adverso para os consumidores, marcado pela inflação e pelo aumento das taxas de juro. Para o destino Portugal, em particular, isto traduziu-se num crescimento ligeiro, mas acima dos níveis de 2019 do mercado interno, e num forte crescimento dos mercados emissores externos, com destaque para os Estados Unidos e Canadá, fruto de uma aposta promocional e de uma oferta acrescida de transporte aéreo. Além destes, também se destacaram os mercados do Reino Unido e da Alemanha pela sua importância, sem esquecer outros de menor dimensão, como a Irlanda, a  Polónia, a Suíça e a Itália. Com níveis inferiores a 2019, o Brasil e os Países Nórdicos (Suécia e Finlândia) chamam a atenção, sendo a performance do Brasil, a mais preocupante até porque não há evidências de um abrandamento no crescimento deste mercado noutros destinos, muito pelo contrário.


O turismo é um dos setores mais competitivos a nível global. Todos os anos surgem novos destinos, novas ofertas, novas atrações e oportunidades para os turistas optarem na sua procura de experiências. O mercado é gigantesco, mas a competitividade também.


As oportunidades são imensas e variadas, não só porque a quota de mercado do destino Portugal é ínfima em mercados emissores com grandes dimensões, mas também pela variedade e qualidade intrínseca da sua oferta, concentrada num território pequenos com boas condições de mobilidade interna, o que potencia a sua atratividade.

Regista-se a nível global um crescimento do investimento em turismo, com as marcas globais de alojamento a procurarem estabelecer-se nas mais diversas geografias, de modo a fidelizar os seus clientes e a justificar os investimentos em marketing e nas suas próprias plataformas de reservas. Esse investimento tem estado focado num período recente não só no segmento de luxo, mas também em novas fórmulas de alojamento, acompanhando as tendências dos mercados.

Até agora, esses investimentos têm dado prioridade a outros destinos, mas é muito provável que, uma vez estabelecidas nesses destinos, as marcas considerem Portugal como uma próxima escolha. Isto, só por si,  constituirá uma oportunidade de crescimento, desde que sejam criadas as condições necessárias para a concretização desses investimentos.


Há também oportunidades decorrentes da reduzida quota de mercado que Portugal tem nos maiores mercados emissores europeu e americanos e nos mercados do Oriente, estes últimos onde a retoma versus o período pré pandémico ainda não tem uma expressão significativa.


Referidas as inúmeras oportunidades, importa lembrar que o sucesso tem que ser trabalhado, pelo que nos devemos focar num conjunto de prioridades:

  1. Melhorar a oferta do destino, em particular a qualidade do serviço, com foco na qualidade e diversidade da oferta, incluindo os conteúdos e as narrativas locais. Atualizara oferta, melhorar a mobilidade interna, melhorar a qualidade do território e da gestão do turismo no território.
  2. Melhorar a qualidade de vida dos residentes nos territórios com maior pegada turística, direcionando as receitas com as taxas turísticas para mitigar os impactos nas comunidades locais e direcionando as receitas fiscais geradas pelos turistas para as autarquias, que devem assegurar a qualidade de vida no território.
  3. Potenciar a atração de investimento internacional e nacional através de mais informação e garantias de transparência, prazos e eficiência na concretização desses projetos, respeitando a legislação nacional e europeia.
  4. Melhorar a acessibilidade aos destinos nacionais, oferecendo uma melhor qualidade de serviço nas infraestruturas aeroportuárias e aumentando a capacidade, com destaque para o aeroporto de Lisboa, de modo a captar novas rotas e aceder a novos mercados emissores, aumentando a resiliência do destino e consolidando o seu crescimento.
  5. Garantir a segurança (security and safety) no território.
  6. Aumentar a capacitação dos Recursos Humanos e a retenção ao serviço do turismo nacional com políticas de remuneração global atrativas e competitivas, que vão para além do salário, constituindo uma forte motivação do desempenho.
  7. Participar ativamente no processo de transformação digital e de transição climática não só através do uso racional de recursos, mas também na oferecendo aos turistas oportunidades para compensarem a pegada ambiental da sua estadia em iniciativas locais visíveis.
  8. Alterar a governance do turismo, a nível central, regional e local, para que esta possa respo aos atuais e futuros desafios que o turismo coloca ao território, ao ambiente, à Sociedade e à Economia.

Artigo escrito por Rui Gidro, Partner Deloitte, para o Case Study “Descarbonizar o Turismo”. Este case Study faz parte da iniciativa de Think Tank “Inovação energética e a competitividade setorial” realizada em parceria com a Helexia, Deloitte, PMLJ e jornal ECO.

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