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Publicado a:
22/02/2021

Escrita:
Ricardo Atayde

Helena Silva estará conosco no evento Mulheres com Energia

A Helexia organiza no dia 8 de março às 10h, Dia Internacional das Mulheres, o evento online “Mulheres com Energia” que se dedica a destacar a liderança no feminino em Portugal. O evento terá transmissão Live nas plataformas Linkedin e Youtube. A Helena Silva é nossa convidada, a quem fizemos a seguinte entrevista para a conhecermos melhor.

 

Como descreve o seu percurso profissional?

O meu percurso profissional tem sido uma aventura “planeada” com um pouco de tudo: alegria, superação, desilusão, algumas conquistas, muito trabalho e, acima de tudo, acreditar e fazer acreditar, fazendo parte de uma organização que tive o privilégio de ver nascer e crescer e que já faz história a partir do nosso país.

Desde a mobilidade elétrica quando muitos eram contra e ridicularizavam o tema, por volta de 2008-2009, numa altura em que o nosso país foi pioneiro ao ser o primeiro país com uma rede de carregamento interoperável e que devia ter evoluído, mas que não evolui por falta de ambição e inteligência política, comprometendo a capacidade de se internacionalizar e dar a Portugal uma liderança mundial.

Mais tarde, quando, em conjunto com a OGMA, atraímos o maior programa da indústria aeronáutica, o desenvolvimento do avião KC-390 da Embraer, que permitiu fixar valor em Portugal com o desenvolvimento e produção de grande parte das aeroestruturas da aeronave, criando capacidades no nosso país que permitem responder a qualquer outro programa aeronáutico internacional.

E, mais recentemente, quando mobilizámos várias organizações para o primeiro grande programa de desenvolvimento tecnológico orientado para o mar e para o espaço, aproveitando as oportunidades do “Novo Espaço”, para posicionar o nosso país neste setor de elevada intensidade tecnológica e com um forte crescimento a nível global.

 

O que lhe dá mais energia no seu dia a dia?

O que dá mais energia no meu dia é a multiplicidade de desafios que me obriga constantemente a novas formas de pensar e a estruturar abordagens para concretizar, e o que me motiva verdadeiramente é desafiar o que se encontra antecipadamente definido em prol deste nosso país, e superar o sempre presente “isso não é possível”.

Na minha organização, o CEIIA, procuramos criar e fixar valor em áreas de elevada intensidade tecnológica e isso não se faz da noite para o dia, é um processo longo e difícil. Os obstáculos são muitos, não pela falta de capacidade de engenharia, mas pela falta de ambição e pelos interesses menores de muita gente no nosso país.

 

Na sua opinião, quais são os grandes desafios das próximas gerações?

Na minha opinião, os grandes desafios das próximas gerações centram-se na preservação do nosso planeta. As novas gerações devem ser preparadas para agir e não apenas para reclamar em manifestações e ações de promoção.

No CEiiA defendemos que o “futuro não se reivindica, constrói-se” e foi por isso que criámos o SLI – Sustainable Living Innovators, um programa de apoio ao desenvolvimento de jovens líderes, orientado para a valorização do conhecimento e tecnologia em prol da qualidade de vida e sustentabilidade do Planeta.

É também neste contexto que se situa o desafio das mulheres, participando ativamente na construção do futuro, liderando empresas e países, e não apenas na reivindicação de um papel na sociedade.

 

Mencione um filme ou livro que a tenha inspirado.

Um dos livros que mais me inspirou foi o “Originais” de Adam Grant que retrata a forma como os não-conformistas mudam o mundo. À medida que ia avançando na leitura, identifiquei muitas semelhanças à realidade em que vivo no CEiiA e também nas pessoas com quem tenho o privilégio de trabalhar todos os dias. Ao longo da leitura, também pensei várias vezes na sorte que tenho em poder fazer parte daquela parte do mundo que tem a ambição de transformar e de trabalhar para isso.

Este livro também me ajudou a entender a importância de procrastinar, sendo eu uma pessoa impulsiva e cujas palavras de ordem são “fazer acontecer”. Mas de facto, quando temos uma boa ideia devemos dar tempo para a sua maturação, para interiorizar vários pontos de vista, e também para nos rodearmos das pessoas certas e das melhores organizações para nos ajudarem a transformar a ideia em realidade, protegendo-nos da destruição daqueles que estão viciados nos sistemas implementados.  

 

Que outras mulheres inspiraram o seu percurso e porquê?

Ao longo da minha vida profissional tive o privilégio de interagir e trabalhar com várias pessoas, mulheres e homens, que me inspiraram.

Mas para poder explicar melhor o que me inspira, posso referir que a Michelle Obama é o meu ícone. Ela representa o equilíbrio entre a inteligência e a garra de alguém que acredita e trabalha para um mundo melhor, onde há lugar para todos e todos podem ter um papel importante. Representa também grande parte do sucesso da presidência de Obama, o primeiro Afro-americano na Casa Branca, e a influência de quem com ele chegou ao poder e fez história no país mais poderoso do mundo.

 

Que característica acha indispensável em qualquer liderança e porquê?

Qualquer líder tem que ser apaixonado, racionalmente inspirador e cuidador.

Apaixonado porque só quem ama e põe a alma naquilo que faz, pode ter capacidade para superar todas as dificuldades para atingir o propósito em que acredita.

Racionalmente inspirador porque um líder tem de ter capacidade para afirmar os seus valores e mobilizar outros em torno da concretização das suas ideias.

Cuidador porque um líder tem de estar atento e zelar pelos outros. Nada de importante se faz sozinho. Os grandes projetos resolvem-se em coletivo e não em individual.

 

Que importância tem a inovação para o desenvolvimento económico e sustentabilidade?

A inovação é a base da transformação e evolução das sociedades. Para tal, é importa saber usar e valorizar a ciência em prol da sociedade, como aconteceu recentemente com a vacina da COVID-19. É fundamental começar por definir um propósito e construir todo o processo de inovação em torno do mesmo, gerando e combinando conhecimento e procurando valorizar este conhecimento em novas tecnologias, produtos e serviços, com forte impacto económico e uma orientação clara para a sustentabilidade do planeta. É esta a orientação para ação que esperamos que venha a existir no tão falado Plano de Recuperação e Resiliência apresentado por Portugal à Comissão Europeia.

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