kairyu e as correntes oceanicas
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Publicado a:
19/07/2023

Escrita:
Catarina Padrão

Kairyu: Japão está prestes a desbloquear a fonte de energia definitiva

Kairyu foi a tecnologia desenvolvida: Um turbina submersível que capta a corrente marítima, que está ancorada ao fundo do mar e que pode ir sendo movimentada, para cima e para baixo

O interesse em encontrar alternativas sustentáveis ​​e renováveis ​​para a energia cresce à medida que o mundo enfrenta os desafios das mudanças climáticas. Países, empresas, organizações tentam encontrar na natureza e na tecnologia a solução mais rápida e eficiente para a crise energética.

Nesse contexto, o Japão destaca-se como pioneiro quando surgiram notícias promissoras sobre uma possível descoberta neste campo: o Japão está prestes a desbloquear a fonte de energia definitiva.

A necessidade aguça o engenho

Pelas suas características geológicas, o Japão é um país com muitas dificuldades de implementar energias renováveis. É um país pequeno com um perfil montanhoso o que torna difícil a implementação da energia solar. A somar a isto, o fundo marítimo que rodeia o Japão é demasiado profundo para instalação de soluções de eólicas de off shore. Foi por esta razão que, na transição energética, o Japão se virou para a energia nuclear, mas com o incidente de Fukushima, iniciou-se uma nova procura por soluções mais seguras. A solução parece estar agora na força das correntes marítimas.

Kairyu a tecnologia promissora

Kairyu foi a tecnologia desenvolvida: Um turbina submersível que capta a corrente marítima, que está ancorada ao fundo do mar e que pode ir sendo movimentada, para cima e para baixo, de forma a otimizar a captação da movimentação das águas oceânicas. O Kairyu também tem a capacidade de emergir à superfície para manutenção.

Embora o protótipo ainda se encontre em testes de conceito, já revelou ser bastante promissor. Com as dimensões atuais esta tecnologia consegue produzir 100kW.

A IHI Corp, empresa responsável pelo desenvolvimento deste projeto, já testou e validou o conceito e agora quer avançar para um protótipo em escala real próximo à produção. Estas turbinas terão 40 m de diâmetro e uma única unidade (duas turbinas numa plataforma ‘flutuante’) produzirá 2 MW, tornando-as 2.000 vezes mais potentes que o protótipo Kairyu. Uma vez construída, a IHI quer construir uma “quinta” com 100 mega Kairyu para produzir 200 MW, o suficiente para abastecer 3.000 casas japonesas.

Os desafios

Todos os avanços relacionados com a transição energética apresentam desafios e esta tecnologia não é exceção. São três os principais desafios: ruído marítimo, investidas às turbinas e abrandamento das correntes.

Idealmente quando se desenvolvem novas soluções de produção de energia renovável é avaliado o impacto no ecossistema. O som provocado pela turbina pode interferir de forma que ainda não é previsível com a comunicação da fauna marítima, que como se sabe, é muito dependente do som para se movimentar, alimentar e procriar. Os testes estão a ter em conta este elemento de forma a que seja minimizado o mais possível.

Também ainda não está estudado de que forma é que as turbinas podem resistir a investidas de grandes animais marítimos ou se interfere com as movimentações de cardumes que aproveitam as correntes para se deslocar.

Por outro lado, a colocação de um obstáculo numa corrente vai inevitavelmente desacelerá-la e isso pode ter consequências para várias espécies marinhas que dependem das correntes para se alimentarem. No entanto, os estudos que rodeiam esta nova tecnologia afirmam que para desacelerar uma corrente ao ponto de ela deixar de ser funcional para o ecossistema, seria necessária uma enorme quantidade de obstrução e que se se mantiver o número relativamente baixo, este não será um problema.

Com esta tecnologia, o Japão mostra-se pioneiro na procura de geração de energia limpa e adaptada às condições existentes. Esperamos curiosos o desenvolvimento e implementação do Kairyu.

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